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Crítica | Princesa Mononoke

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024



Hayao Miyazaki tem uma filmografia muito particular, sempre deixando em evidência as suas crenças, e seu lado mais ativista. Esses elementos estão presentes em quase todos os seus longas, desde Nausicaa - com uma dose de fantasia muito maior do que em Princesa Mononoke - ou até mesmo em Meu amigo Totoro (aqui de maneira mais descontraída). Mas, foi em Princesa Mononoke que ele discursou com mais força (Ponyo, talvez fique na mesma prateleira) e com mais veracidade. E unindo forma e conteúdo Miyazaki cria um cinema de denúncia!


Pois bem, quem leva esta narrativa adiante é o príncipe Ashitaka, que após enfrentar um javali-demônio fora contaminado com a sua fúria, sendo assim, condenado à morte. em uma jornada em busca de uma cura, Ashitaka conhece o mundo dos homens - representado pela vila da Lady Eboshi, tal sociedade simboliza a soberba, violência e ganância humana. Aqui a sociedade da Eboshi tem a ambição de matar o Deus da natureza, com a intenção de extinguir toda a vida natural. Além disso, Ashitaka conhece o mundo natural, representado pelos lobos brancos que, como o conto de Rômulo e Remo, acolheu uma humana, chamada de Mononoke. Em virtude disso, Ashitaka representa um alter ego de seu criador, aquele cujo tenta criar uma ponte entre os dois mundos.



Apesar do título, o protagonista do longa é o príncipe Ashitaka, porém ele(Miyazaki) não utilizaria tal título à toa, mononoke é um símbolo da natureza é ela que dá voz aos oprimidos. Além do mais, a presença feminina é uma característica marcada no cinema de Miyazaki, como em porco rosso. Além da líder Eboshi, em Princesa Mononoke temos as mulheres que trabalham na refinaria. É muito interessante observar o trabalho detalhista do desenho, pois essas mulheres são fisicamente mais musculosas que outros personagens, pelo simples fato de trabalharem com a força física que a refinaria de aço exige.


Miyazaki discursa por meio de sua mise-en-scène e, mesmo que a natureza esteja em um plano mais evidente, o ódio e o amor também são ferramentas narrativas de grande importância. A raiva é simbiótica aos seres da natureza que assim como o javali líder, estão cegos por seu ódio e desejo de vingança. Por outro lado, Miyazaki utiliza do seu alter-ego (Ashitaka) como uma manifestação do amor, nota-se em como o príncipe evita ao máximo usar da força física (para ele a violência é a última opção), o príncipe não é capaz de sentir raiva, mesmo que este queira lhe consumir. Hayao Miyazaki usa de sua arte para se expressar, para propalar e ensinar que a melhor arma contra qualquer guerra é o amor e a empatia.


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