A segunda guerra mundial, sempre foi um ambiente repleto de histórias que precisam ser contadas, não apenas de soldados, heróis e vilões, ou grandes batalhas, mas de vítimas, de civis e sobreviventes. Os anos 40, devido a Guerra recebe o título de uma das décadas mais desumanas da nossa história, um tempo onde não havia espaço para amor, compaixão, solidariedade, respeito, empatia e alegria, ou até mesmo esperança. Foram tempos sombrios onde o medo, a angústia e a dor dominavam o ser humano.
É muito comum, portanto, que filmes desse subgênero tenham foco em narrativas que procurem destacar o impacto que da Segunda Guerra sobre as vidas das pessoas, mostrando perspectivas pessoais ou as consequências causadas pela guerra. Sejam histórias baseada em fatos ou adaptações essas histórias têm sempre um objetivo, relatar a crueldade humana.
Sendo assim, assinado e dirigido por Saskia Diesing, o longa relata os últimos dias da segunda guerra mundial e o fim da dominação nazista nos países baixos, sobre a perspectivas de três mulheres de origens distintas. Desse ponto de vista, a diretora procura criar uma relação de união entre os protagonistas, mesmo que elas tenham tantas diferenças culturais e ideológicas, Saskia busca por meio da ausência construir um elo entre essas mulheres. Seja por meio da dor que elas encontram em si um amparo ou por meio do sofrimento em que elas se tornam empáticas. Afinal, todas elas compartilham algo em comum, a perda, a saudade e o medo.
Portanto, Três mulheres é uma narrativa que carrega uma imensa responsabilidade — apresentar mulheres esquecidas e ignoradas pelo futuro. São três mulheres muito significativas e interessantes de se observar, pontos de vista de uma mesma guerra completamente diferentes. Se observarmos a premissa pensamos logo o quão emocionante tudo deve ser, pensamos em quantos caminhos Saskia pode percorrer em seu roteiro. Mas aí que mora o problema, Saskia Diesing perde-se em sua mise-en-scène e em sua forma de contar história, tudo soa muito genérico, o olhar dela é genérico diante de uma história tão única.
A autora carece em criar uma relação entre tela-espectador — os únicos momentos que mergulhamos nas angústias das personagens são nas situações mais apelativas — somos jogados nessas histórias sem que consigamos nos relacionar com as complexidades dessas mulheres. Diesing não consegue, por meio da imagem atrair-nos, não existe intimidade em seu olhar. O interessante é que a química das personagens é impecável, os momentos em que as três estão contracenando é magnífico, justamente por causa dos esforços artísticos das maravilhosas Anna Bachmann, Hanna van Vliet e Eugénie Anselin. Três mulheres é uma história de esperança em um mundo que esqueceu o seu significado mas acaba por ser um drama de guerra desperdiçado.
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