Hong sang-soo é um diretor fantástico — ouso sempre dizer que Agnes Varda seria uma grande fã, afinal ele (assim como ela) transforma o mundano e o comum em algo extraordinário. Sang-soo tira de situações ordinários diálogos perfurantes, que te levam a reflexões profundas. O diretor talvez seja o autor mais humano da contemporaneidade ou que pelo menos se preocupa com o ser humano. Ele versa muito sobre o pertencer nesse mundo moderno líquido, esse mundo recheado de solitários convivendo com outros solitários.
Essa solidão que muitas das vezes apresente-se nas pessoas mais acompanhadas, ser um solitário diz muito mais na forma que o indivíduo pensa e se comporta do que estar verdadeiramente sozinho. Sang-soo deixa isso bem claro na personificação da protagonista, onde deparamo-nos com uma personagens solitária mas que está sempre rodeada de pessoas. É um simbolismo puro do pensamento Bauniano, de uma era moderna onde nada é feito para durar, exceto nossa solidão.
O cinema de hong é primoroso, a forma como ele fala pelas suas lentes deixaria qualquer crítico da Cahier contente. Somos voyers desse mundo ordinário, observadores atentos a cada impacto imagético — gosto de como ele usa dos movimentos em Espaços vazios como se fossem uma pessoa olha ao redor, sempre procurando os personagens. O olhar dele diante do fazer cinema assemelha-se à mão de um poeta, ele escreve através das lentes, escreve histórias reais, histórias sofridas, solitárias e poéticas.
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