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Crítica | Sonata de outono

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


É impressionante como Bergman entende de cinema, como ele tem uma relação pessoal com cada filme é como se ele tivesse vivido todos os seus filmes. Certa vez a Liv Ullmann disse, que em todos os filmes de Bergman ela faz o próprio, e talvez em “Sonata de Outono” não seja tão diferente assim. Bergman sabe utilizar muito bem da linguagem cinematográfica para transpor a opressão em suas cenas. Essa opressão pode ser vista de muitas formas em “Sonata de Outono”, uma delas está na historia contada, onde mãe e filha oprimem seus sentimentos para agradar a outra. Mas claro que podemos enxergar essa opressão na forma como Bergman decupa seu filme usando bastante de closes, que além de buscar demonstrar mais os sentimentos das personagens através do olhar, serve também como forma de oprimi-las em um pequeno plano, o que acaba manipulando o telespectador, causando angustia e inquietude.



Apenas a técnica, sem as grandes atuações, não faria desse filme o que é, Liv Ullmann e Ingrid Bergman tem performances dignas de premiações. Que por meio de um simples olhar, pode significar desprezo ou admiração, como na cena do piano, que pode ser considerada a melhor do filme. Assim como em “Gritos e Sussurros”, as cores são bem presentes. Bergman brinca com as cores e seus figurinos, onde a personagem da Liv passa boa parte do filme usando cores frias (verde e azul), insinuando que aquela pessoa é ingênua, frágil e infantil. Enquanto no final a mesma personagem veste um vermelho mais forte, que indica a sua evolução, com mais presença e amadurecimento. Falar que Sonata de Outono não é um filme pessoal é difícil, diálogos tão afiados quanto à ponta de uma faca, nesses diálogos encontramos o maior peso dramático de “Sonata de Outono”, diálogos que foram feitos para chocar e deixar qualquer um boquiaberto. Diálogos que evidenciam a nossa necessidade de amar e se sentir amados. Sonata de Outono é um filme que conversa com traumas causados na infância, assim como toda arte, o cinema é um mecanismo de expressão e Bergman faz deste filme um alivio terapêutico, transcrevendo de forma cinematográfica todos os seus sentimentos.


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