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Crítica | Thor: Amor e Trovão

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024




Desde meados dos anos 80, as adaptações do cinema baseiam-se nas histórias em quadrinhos, filmes como Batman; O fantasma; Spawn, são fortes exemplos. Mas foi no início dos anos 2000 que os heróis em quadrinhos ganharam forças nas telonas de todo o mundo, a ponto de dominarem o mercado audiovisual atual. A Marvel por sua vez, foi quem popularizou de fato o cinema de super-herói como um subgênero, com seu universo compartilhado, a Marvel domina o mercado audiovisual mundial há cerca de 10 anos e agora em sua nova fase, Kevin Feige TENTA dar mais liberdade a seus diretores.


Thor: Amor e Trovão tem a marca registrada de seu diretor (Taika Waititi), essa comédia boba, despretensiosa que muitas das vezes aproxima-se do pastelão funciona em certos pontos. Mesmo que eu não seja um grande fã do seu cinema, consigo compreender que Taika sabe trabalhar com o humor tipicamente exagerado. É interessante observar essa mudança drástica no desenvolvimento do protagonista, que em seus primeiros filmes é um príncipe rebelde, sério, sedento por violência e poder. Mas nas mãos do Taika ele é subvertido, virado ao avesso de tudo que conhecemos de um deus nórdico. O diretor consegue equilibrar bem os dois lados do Thor — a força do deus e a sua vulnerabilidade humana — mas quando trata-se de equilibrar o humor com o drama, Taika se perde.


Esta sequência fala muito mais das fragilidades emocionais do vingador, do que de seu poder. Se por um lado, nós temos uma humana (Jane Foster) transformando-se em deusa(em busca de cura para sua doença), do outro nós temos um deus com problemas certamente humanos. Gosto de como Taika explora essa busca milenar do ser humano em encontrar-se como algo no mundo, um existencialismo que conversa com os pensamentos de Heidegger e a busca constante do vir-a-ser — afinal, o ser humano está boa parte de sua vida tentando entender-se, a procura de uma vida autêntica. Taika decupa sua comédia-romance-espacial em volta desses conceitos clássicos da psicologia existencial com muito humor, ele fala de assuntos sérios por meio da comédia ( o que é muito conhecido no seu cinema, um exemplo, Jojo Rabbit).


Além do existencialismo, o amor (como o próprio título do filme diz) tem um papel fundamental para a narrativa, aliás todas as motivações giram em torno do amor. Thor 4 traz ideias super interessantes para aqueles que gostam de pensar sobre o amor e seus poderes, nesse filme, o amor tem a capacidade de destruir e reconstruir, cabe somente a nós como utilizá-lo. Esse contraste entre amor e existencialismo fica evidente no modo como as cores são utilizadas pelo diretor, ele faz questão de deixar tudo que envolva os heróis muito vivo, com cores vibrantes e muita luz. No entanto, o vilão é cinza, seus monstros surgem das sombras, Gorr está claramente representando a vida inautêntica, aquele que transformou o amor em ódio — tal qual ao Anakin Skywalker. A cor é um elemento fundamental para a narrativa de Thor: Amor e Trovão, é com ela que entendemos esse novo ciclo da vida do deus do trovão.



Apesar de tanta diversão, comédia, música e amor, Thor: Amor e Trovão tem um problema, a fórmula Marvel. Sua premissa é simples, funciona apenas para o retorno de Jane Foster como a Poderosa Thor. No entanto, parece que, Taika se perde na hora de contar a história, tudo acontece de forma muito rápida, como se ele (Taika) estivesse mais preocupado em como gerar humor do que de fato contar uma narrativa. Tudo é muito previsível, sem nenhuma surpresa, aos moldes Marvel. Thor: Amor e Trovão é corajoso ao trazer temas complexos como existencialismo, diverte com sua comédia romântica mas ainda está muito preso a grande indústria que a Marvel de Kevin Feige.




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