Nos meus estudos sobre arte deparei-me com uma teoria que me encanta até hoje. Essa teoria diz que a arte é natural do ser humano, ela está intrínseca no nosso consciente. A arte evoca nosso instinto mais primitivo, somos feitos para nos expressar por meio dela, afinal, a arte é tão antiga quanto o homem. Desde os períodos pré-históricos o homem usa da arte para expressar-se e comunicar-se. Arte é uma necessidade humana! Não por acaso, encontramos inúmeras pinturas rupestres nas cavernas. Arte existe antes mesmo de termos noção dela. A arte é nossa, está em nós, é o que somos, respiramos e fazemos. Steven Spielberg sentiu o seu ‘eu’ mais primitivo através da arte, percebeu que sem arte ele não poderia viver. Assim como ele, eu também fui fisgado pelo meu instinto. Portanto, digo com tranquilidade que Spielberg fez “The Fabelmans”, para mim, para você e para todos nós que amam arte, que amam cinema.
Essa ideia de instinto primitivo se dá a todo instante pelo olhar de Steven em “Os Fabelmans”, principalmente nos seus primeiros minutos, quando o jovem Fabelman vai ao cinema pela primeira vez. A grande tela desperta nele algo que nunca fora sentido, ver aquele trem ser destruído despertou algo em seu subconsciente. Não por acaso, Spielberg faz questão de mostrar o quão obcecado o jovem se tornou, ele queria sentir aquilo de novo, ou melhor, ele precisava sentir aquilo mais uma vez.
Todos nós temos histórias como o pequeno Sam, de quando se deparou com a arte pela primeira vez, seja na música, cinema, fotografia ou dança, foi um choque, uma vontade inexplicável de viver aquilo outra vez. Um sentimento de nostalgia, mesmo que você nunca tivesse vivido aquilo antes — pois como disse, é natural. A direção de Steven é muito sincera, é uma declaração de amor. Se pegarmos cada frame desse filme e transformamos em texto veremos o poema romântico mais lindo do mundo. Spielberg foi transformado e é grato todos os dias por isso, mas sua gratidão nunca fora o suficiente, ele precisava mostrar isso em tela — observar o Sammy expor esse lado primitivo é magnífico! É paixão verdadeira, é talento natural — Quem não se sentiu elevado nas cenas que o Sam faz cinema?
Os Fabelmans é uma história de amor, não o amor de uma família (mesmo que Spielberg deixe claro o respeito e admiração que os Fabelmans sentem um pelo outro), muito menos de pares românticos. The Fabelmans é uma história de amor entre homem e arte, o interessante é que o diretor passa por todos os processos de uma história de amor — o primeiro encontro, a paixão à primeira vista. O desenvolvimento, a descoberta. A separação e o retorno lindo e cativante.
Spielberg fala de cinema usando o que tem de melhor nele…o movimento. Afinal, o longa é repleto de estilo, com movimentos de câmera sedutores, zoom ins e out emocionantes e enquadramentos encantadores( o frame final é coisa de outro mundo). Além de uma iluminação que beira a fantasia, a magia do cinema. “The Fabelmans” é amor, cinema e arte, e nos deixa uma mensagem: A arte é nossa! Coloque ela no mundo! Sem arte somos poeira na atmosfera!
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