Jurassic Park é sem dúvidas uma das maiores franquias que o cinema já viu, a sua aventura envolvente, sua trilha sonora empolgante e sua representação visual dos maiores predadores que já existiram no planeta marcou a infância de muitas pessoas. Após 28 anos do sucesso do primeiro filme, seria difícil Hollywood não “rebootar” a franquia, afinal a indústria norte-americana ama recontar seus sucessos — assim surge Jurassic World, uma nova chance de marcar infâncias com esse mundo repleto de dinossauros encantadores e assustadores.
O novo lançamento, Jurassic World: Domínio, chega para encerrar mais um ciclo desta franquia. Sendo o terceiro filme, Domínio conta os capítulos finais dessa aventura, que acontece quatro anos depois da destruição da ilha Nublar, agora os ex-extintos animais devem viver e caçar ao lado dos seres humanos. Jurassic World chega com muita força aos cinemas de todo o mundo, comprometendo-se a ser um épico fim para sua história, com dinossauros enormes e amedrontadores, cenas de ação de deixar o cabelo em pé, um show de efeitos especiais e muita nostalgia. No entanto, Domínio sustenta-se apenas na nostalgia e no show visual, não à toa, o verdadeiro ponto alto desse filme seja o elenco clássico, no qual não tenho medo em dizer que Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum elevam a qualidade do filme.
O roteiro escrito pelo trio Colin Trevorrow, Derek Connolly e Emily Carmichael propõe-se a abusar da velha e boa nostalgia e da clássica história de aventura que precisa apenas de cenas épicas de ação — o longa não submete-se a construir algo novo, não arrisca-se em sua história e apresenta tramas e subtramas confusos e desconexos — entre essas diversas tramas dentro da obra muitas delas são descartáveis para o andamento do filme (Domínio poderia ter tido 40 minutos a menos facilmente).
É indubitável dizer que a união do saudoso e contemporâneo é bem sucedida em Domínio, a química entre os atores é formidável, é tudo muito natural. O tempo de tela que cada um do elenco principal tem é perfeitamente calculado e sem exageros, no entanto, ao implementar novos personagens o filme perde-se novamente. Eles entram na trama de qualquer maneira, rápidos, sem deixar tempo para entendermos quem são e quais suas motivações.
Se no roteiro Colin Trevorrow não se destaca, em sua direção tão pouco! O olhar dele para ação mostra-se falho e sua decupagem vive de lapsos, ora é envolvente (muito em razão do carisma do elenco clássico e da habilidade para ação de Chris Pratt) ora entediante. Existem momentos em que nem o impressionante CGI consegue engrandecer a cena de tão incongruente que é sua decupagem. Colin quis unir o melhor dos dois mundos: a ação e o horror, mas no fim, toda a mise-en-scène parece confusa e sem identidade. Sua câmera nos desconecta da cena em todos os sentidos — a ação mal entendemos, a tensão não nos conecta e o drama emocional sustenta-se nas coerentes atuações.
Se Jurassic Park, 28 anos após seu lançamento é lembrado e ovacionado, Jurassic World não consegue repetir esses êxitos, com nenhuma cena memorável ou verdadeiramente épica e daqui a 28 anos ninguém se lembrará de Jurassic World: Domínio.
Comments