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Crítica | John Wick 4

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


Existe uma discussão na cinefilia muito interessante, que vez ou outra estoura nas redes sociais, esse debate separa os cinéfilos em: os que defendem a ideia de roteiro como peça fundamental do cinema, sendo ele o principal responsável para qualificar um filme, e os que defendem que apenas o olhar e a técnica do diretor são responsáveis pela qualidade de um filme. Sendo assim, vejo John Wick 4 (a franquia inteira) como o exemplo perfeito de como um roteiro simples/genérico, ou até mesmo ruim, nas mão de um diretor que entende de forma/linguagem pode sim, se tornar um bom filme.


John Wick tem um roteiro muito genérico no que diz respeito ao cinema de ação contemporâneo — um ex- agente/assassino que precisa voltar à ativa por vingança, resgate ou proteção — esse cinema não cria uma necessidade de uma “boa” história, mas no impacto da imagem. Os diálogos de John Wick 4, por exemplo, são “extremamente banais” — o próprio Sr Wick se porta como um robô que não sabe comunicar-se, se não for com palavras frias e objetivas. Além do mais, a franquia JW baseia-se na repetição, todos os 4 filmes seguem basicamente a mesma ideia, a mesma premissa, os mesmos tipos de diálogos. Tudo isso acaba tornando John Wick ainda mais interessante, pois nós não nos incomodamos com tais “banalidades”. Visto que, a forma que o diretor decupa esse roteiro engrandece essas ‘trivialidades”.



O cinema de ação, sobretudo o norte-americano, sempre pegou referência do cinema asiático — Matrix e Kill Bill são ótimos exemplos. No entanto, Hollywood pouquíssimas vezes conseguiu extrair o melhor da ação, principalmente os filmes mais modernos (claro que existem exceções), eles acabam se preocupando demais com um roteiro muito elaborado e esquecem que o mais importante dentro desse gênero — do cinema em geral — é a relação direta entre imagem-espectador. Não estou querendo dizer que o roteiro ou a história de um filme não importam, pelo contrário, mas são as experiências do diretor que vão conceber vida ao filme.


A direção de Chad Stahelski se preocupa muito com o observador — a maneira como ele filma a ação, seja em plano sequência ou em planos longos, é de uma imersividade extraordinária — Chad precisa que entendamos o que se passa na imagem, o que acaba trazendo referências claras ao cinema asiático. As coreografias seguem um ritmo muito empolgante, lembram-me filmes como Police story do Jackie Chan, que focaliza nos movimentos do combate, posicionando a câmera em planos médios. Ou O tigre e o dragão, que deixa a cena fluir nas lentes da câmera, ocasionando em poucos cortes. Digo com facilidade, que a franquia JW é o suprassumo do cinema de ação hollywoodiano, uma conclusão de que roteiro não é a alma do cinema.

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