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Crítica | Downton Abbey II: A nova era

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


É muito comum que grandes séries de televisão encerrem suas narrativas nas telas de cinema. Sendo assim, Downton Abbey segue essa linha produtiva lançando seu primeiro longa-metragem, em 2019. Aparentava que tudo havia se encerrado, afinal, o criador da série, Julian Fellowes, no roteiro do longa — mesmo que eu não goste do filme — conseguiu concluir suas narrativas, dando um adeus aos seus personagens. No entanto, o filme fez um sucesso estrondoso aos moldes do cinema de blockbuster, faturando cerca de US $200 milhões de bilheteria, portanto seria quase impossível que não houvesse um segundo filme.


Contento-me com a decisão criativa em não exagerar em sua produção depois do grande sucesso, esta sequência não traz uma história exagerada ou narrativas muito complexas. Mesmo que Downton Abbey II seja simples, ele consegue ser muito mais profundo do que o seu antecessor, incrivelmente mais divertido e emocionalmente melhor. Aparentemente, aquele olhar mais episódico do primeiro longa se perdeu, abrindo espaço para uma sequência que define-se muito mais como cinema. Desta vez, parece que finalmente a história da carismática família Crawley chegou ao fim, e como o subtítulo diz, uma nova era ressurge.



Se no primeiro longa os conflitos giravam em torno da chegada da família real no palácio da adorável família Crawley, agora tudo gira em torno de duas novidades: os mistérios do passado da matriarca Lady Violet Crawley, onde ela conta que herdou de um marquês que conhecera na juventude, uma vila no sul da França. Entretanto, a viúva do marquês questiona o testamento e, em virtude disso, Lord Robert reúne alguns familiares e funcionários para tentar resolver o problema imobiliário e solucionar um grande mistério.


Enquanto o primogênito parte para a riviera francesa, no castelo localiza-se a segunda novidade, uma produtora de cinema que está interessada em oferecer uma grande quantia de dinheiro — valor que a família precisa para a reforma do castelo que está com goteiras — em troca de usar Downton Abbey como cenário para um filme.

A direção de Simon Curtis traz uma decupagem satisfatória na forma como ele apresenta em tela essa metalinguagem, mostrando como eram os bastidores de uma produção cinematográfica da década de 20/30 e a sua transformação de cinema mudo para o cinema falado (prato cheio para os cinéfilos de plantão). Na realidade, o ponto mais alto dessa retomada é essa metalinguagem, pois é dela que se retira os momentos mais engraçados e divertidos com seu humor irônico tipicamente inglês. O roteiro de Julian brinca com o desprezo da família Crawley pelo cinema, afinal para eles o cinema é vulgar e grotesco. O Lord Robert, por exemplo, deixa bem claro o quanto despreza o cinema, chamando a sétima arte de inúmeras formas pejorativas em várias ocasiões.


Como já esperado, esse filme desenvolve muito bem a despedida, cada personagem desta saga tem suas histórias, seus conflitos, suas dores e alegrias, isso está claro desde o início da série em 2011. Mas, a beleza por trás da conclusão narrativa desses personagens encontra-se em um final aberto, visto que, isso torna tudo mais humano e verdadeiro. Afinal suas vidas e suas histórias continuam longe de nossos olhares. Essas histórias no fim provam o quão importante é construir relações — como o abraço sincero entre chefe e funcionário ou cartas de um amor que nunca se dissipou. A visão sincera pelas lentes de Curtis emociona, como seus closes nos olhares apaixonados.


A vida é um ciclo, enquanto alguns se vão deixando para trás um legado de memórias, respeito e lealdade, outros chegam para construir a sua histórias. E assim encerra-se Downton Abbey II, com um novo legado ou melhor uma nova era.



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