A palavra altruísmo foi criada por Auguste Comte, filósofo francês, que a definiu como “o grupo de disposições humanas, sejam elas individuais ou coletivas, que inclinam os seres humanos a se dedicarem aos outros.” Portanto, altruísmo é um conceito que se opõe ao egoísmo. Sendo assim, o homem-aranha é um dos heróis mais (talvez o mais) altruístas dos quadrinhos, mas porque isso faltou tanto nos filmes do Tom Holland? Talvez, viver em um mundo repleto de grandes super-heróis (os vingadores) tenha tirado o peso do mundo das costas do amigão da vizinhança. Para o Peter Parker, ser um herói não é uma dádiva, pelo contrário, é um fardo. Pois, com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.
Entretanto, agora nas mãos do Jon Watts o verdadeiro significado do homem-aranha retorna e assim observa-se, portanto, que a sua mise-en-scène traz a clássica jornada do herói. Este termo foi criado por Joseph Campbell, que de acordo com ele seria o passo a passo do percurso de transformação do homem comum em herói, mas nesse caso, a transformação de um adolescente “mimado” em um verdadeiro super herói. Todo o clímax do longa gira em torno dessa jornada e a direção de Watts deixa isso bem evidente para nós a todo momento - afinal “mise-en-scène” significa “o que está em tela”.
Portanto, a cada ato que se passa, Jon Watts faz questão de enfatizar em que etapa da jornada do herói está, seja na trilha sonora que começa tímida e finaliza de maneira épica ou em sua fotografia, que com o passar das cenas muda sua sombreoziadade.
Jon Watts consegue ressignificar tudo em sua mise-en-scène, desde o que foi mal aproveitado nos filmes anteriores, ao aprimorar o que já estava aprazível. Conseguimos compreender o que é ser um herói, sem os luxos de um super milionário ou a super força de um homem verde. Watts traz para Marvel o que poucos conseguiram… Humanidade!
Empatia, identificação e inspiração, essas três palavrinhas guiam o roteiro de Sem volta pra casa e assim como as historinhas infantis que tem as suas morais, Homem aranha 3 nos diz que todas as pessoas devem ter uma segunda chance.
Além do mais, o terceiro filme do Tom Holland é repleto de grandes segundas chances, como por exemplo o vilão elétrico do James Fox, que agora tem muito mais presença de tela e causa muito mais medo do que havia sido em O espetacular homem aranha 2. Ou até mesmo o Andrew Garfield que como grande ator que é, traz o melhor do ser homem-aranha.
Desta maneira, Jon Watts prova que filmes de super-heróis podem ser sim significativos, ele prova que blockbusters podem trazer algo para refletirmos. Afinal, blockbuster é cinema, cinema é arte, arte é reflexão. No fim, ironicamente, “Homem-aranha: sem volta pra casa” traz de volta ao lar o verdadeiro significado de ser um herói.
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