top of page

Crítica | Medusa

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


A arte é um meio e uma linguagem, pela qual as pessoas discursam, sobretudo, cidadãos que não tem suas vozes ouvidas pela massa. O cinema, portanto, não distancia-se dessa ideia, sendo muita das vezes usado como forma de denúncia. Um meio pelo qual autores e autoras possam alcançar uma quantidade significativa de pessoas, para que assim seja ouvida.


Em "Medusa" - dirigido por Anita Rocha - temos um filme muito claro em seus discursos, mesmo que soe irônico e caricato, as ideias estão muito bem definidas. Anita faz um filme que crítica à alienação religiosa e o controle que as igrejas (e seus líderes) tem diante de seus fiéis — gosto de como a diretora torna tudo muito caricato e estereotipado — o pastor que se candidata e tem os discursos mais bregas; os “soldados” do senhor que combatem a má fé com violência e misoginia; as mulheres que são “sagradas”, imaculadas que devem pertencer ao lar.


As mulheres em Medusa, na realidade, tem um papel muito interessante, talvez o olhar mais pragmático da diretora dentro do filme. Anita caracteriza essas personagens de uma maneira muito simbólica, elas que são sempre “infantilizadas” perante aos homens, ingênuas, que vestem cores neutras quase sem identidade. É o primeiro filme que vejo da diretora mas sei que Medusa é o seu segundo longa metragem. No entanto, posso dizer com toda facilidade que a diretora entende muito de linguagem cinematográfica. 


Ela sabe como guiar o olhar do espectador e como conversar com ele por meio da imagem. A quebra da quarta parede, por exemplo, é um meio muito eficaz na desconstrução narrativa daquelas mulheres. É um olhar forte que representa mudança ou a consciência de que algo está errado — afinal olhar para câmera não deveria ser algo natural, essa ação torna aquele personagem consciente de um mundo falso — um olhar que representa medo e imoralidade.


Anita versa sobre o aprisionamento da mulher na sociedade patriarcal religiosa. Mulheres que não podem ter desejos, vontades, dançar ou viver como querem. Torna-se até mesmo poético a forma que Anita encerra Medusa, onde mulheres correm e gritam pelas ruas da cidade. Aquele grito configura a liberdade de suas prisões sociais, ou uma forma de dizer que agora elas entendem o seu papel no mundo, que não podem nunca se calar.


52 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


Post: Blog2_Post
bottom of page