Se recentemente falamos do amor ao cinema em “Os Fabelmans”, onde Spielberg expõe todo seu carinho à arte cinematográfica. Damien Chazelle coloca em perspectiva o cinema como indústria e seus inúmeros problemas. Esse conceito de celebrar o cinema vem tomando conta de Hollywood – “Era uma vez em Hollywood”, “Os Fabelmans” e “Tico e Teco” são grandes exemplos de filmes que versam sobre seu “amor ao cinema”. No entanto, é interessante perceber que Chazelle não tem a menor intenção em enaltecer a sétima arte, ele mostra o lado mais sujo da indústria cinematográfica.
Essa transição do cinema mudo para o cinema falado que o diretor revela não é uma mensagem de amor à “evolução” cinematográfica, na verdade, ele está mostrando como os primórdios de Hollywood eram uma união de oportunismo, mal caratismo, hostilidade e falsas promessas. Tudo em tela é muito caótico — a cena inicial, por exemplo, faz uma metáfora a tudo que envolve o “por trás das câmeras" da indústria cinematográfica. As mortes que acontecem dentro do filme e a negligência dos produtores e diretores apontam que o significado de “arte por amor” havia se perdido pela fama e dinheiro. Damien deixa isso claro no monólogo de Jack Conrad (Brad Pitt), onde diz que a arte salvou a sua vida, lhe tirou da miséria mas que todo o seu significado foi subvertido pela indústria.
Apesar do olhar crítico de Damien Chazelle para a indústria cinematográfica e uma linguagem formalista interessante — ele trabalha muito bem com as referências da linguagem cinematográfica e a utilização da câmera caneta — no entanto, ele se perde em sua própria história ao apresentar subtramas desconexas do seu eixo principal e construir uma narrativa cansativa. São 3 horas de duração que cansam, que te prendem e te soltam a todo instante. um filme que não consegue se sustentar por completo.
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