2022 é sem dúvidas um ano que abraçou a nostalgia, afinal o sentimento nostálgico é carregado de alegrias e saudades de um tempo que já vivemos. Essa onda de nostalgia cinematográfica vem em um período que as pessoas precisam relembrar da infância/juventude, pois estamos vivendo tempos difíceis, de uma pandemia devastadora que passou por nós e de muita violência, fazendo com que muitas pessoas refugiem-se no cinema. Claro que a nostalgia não é garantia de um bom filme mas, ainda sim, leva o público ao cinema. Sendo assim, “Abracadabra 2” chega não como um reboot mas como um cinema de legado, como “Top Gun: Maverick”, “Os caças fantasmas” e “Jurassic World: Domínio”.
Na trama, Becca (Whitney Peak) e Izzy (Belissa Escobedo) cometem acidentalmente um grande erro, a dupla de amigas revive Mary (Kathy Najimy), Winifred (Bette Midler) e Sarah (Sarah Jessica Parker). Após ficarem 29 anos fora da Terra, as bruxas querem conquistar a imortalidade na noite de Halloween. Mas as bruxas têm seu primeiro desafio: enfrentar as novas adolescentes de Salem, que, com medo do poder de Winifred, tentam enganar as protagonistas com itens do século 21.
Hollywood vem se aproveitando bastante de filmes legado - que seriam trazer obras clássicas para a era moderna, sabendo respeitar o passado e chamar a nova geração. O problema é que muitos filmes legados se perdem na própria ideia, ou são reféns do passado ou esquecem dele completamente. No entanto, Anne Fletcher aos moldes de “Top Gun: Maverick” soube equilibrar tudo muito bem. Anne constrói uma atmosfera que diverte a todos, desde o fan que viveu nos anos 90 à criança que ama filmes de halloween — ela une nostalgia e modernismo, passado e presente sem perder a magia e a identidade.
Em 29 anos muita coisa mudou, tecnologicamente e socialmente, e a maneira como Fletcher coloca em tela esse choque de geração é muito divertido. Ela usa do humor sutil para apresentar esse embate cultural, como na projeção patriarcal das bruxas buscarem sempre a beleza eterna ou impacto tecnológico ao se deparar com uma alexa. O mais legal é que as meninas usam das novidades da era moderna para enganar e se defender das bruxas do passado, gerando assim cenas hilárias como a da farmácia.
O retorno das tão queridas bruxas Kathy Najimy, Bette Midler e Sarah Jessica Parker é triunfal, mesmo depois de 29 anos é como se nada tivesse mudado. São elas que carregam toda diversão do filme com seus jeitos bobos e caricatos. Mas vale ressaltar que as novas personagens interpretadas pelas Whitney Peak, Izzy Belissa Escobedo e Lilia Buckingham são super divertidas e importantes, afinal são elas que carregam a moral da história — a amizade e a lealdade é a coisa mais importante que nós temos.
Gosto como tudo dentro de “Abracadabra 2” soa como divertido e despretensioso (exatamente como a obra original), toda a atmosfera (mise-en-scene) é agradável, um filme que não precisa de muito para fazer rir, nem diálogos e cenas altamente planejadas. Na realidade, Abracadabra 2 tem um roteiro muito simples e previsível, no entanto, nada disso diminui o fato de que a sequência entrega tudo que propõe com qualidade. Uma verdadeira diversão sessão da tarde, perfeita para toda a família.
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