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Crítica | Batem à porta

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


M. Night Shyamalan um cineasta cultuado por muitos, detestado por outros. Diretor que muitos consideram o mais autoral de sua geração, responsável por uma das filmografias mais encorpadas e bem construídas nas últimas duas décadas. Diretor que não tem medo de contar suas histórias sejam elas “vulgar” ou "artística". Shyamalan é, sobretudo, um diretor que versa sobre a fé, sobre a força da crença, seja ela religiosa ou fantasiosa. Gosto de pensar em sua filmografia como contos que lemos para alguém, histórias magníficas de fantasia que nos jogam para fora de uma realidade massiva e cansativa —- assim como contos de ninar, Shy (como gosto de chamá-lo) entrega-nos uma moral que abala nossos corações.


Shyamalan versa sobre ‘o crer’ e como o mundo transforma-se a nossa vista quando temos fé — seja os espíritos de O sexto sentido, os super-humanos em Corpo fechado ou alienígenas em O sinais, o diretor sempre trabalha por meio da fé — fica mais evidente quando notamos que em seus filmes, seus personagens se encontram em constante negação da crença de tais eventos. M. Night Shyamalan mostra-nos que o ceticismo cega o homem para o mundo mágico que está à nossa volta!


Por mais que o diretor entenda muito sobre linguagem de cinema, o que mais me encanta em sua filmografia é a sua coragem. Ele cria um cinema sem restrições, ele conta o que quer contar sem medo de soar ridículo, brega e sem sentido. Na realidade, Shy quer ser contestado, quer fugir do comum e da realidade. Tudo isso ecoa engraçado por ser irônico, afinal estamos falando de um autor que disserta sobre o crer, mas ignora toda forma de crença que denotam em seus filmes. Para Shyamalan, a crença expõe-se na fábula e no extraordinário.


O que o cineasta faz em Batem à porta, por exemplo, é bem interessante, pois é um filme todo estruturado (mise-en-scéne) na fé e na “fantasia” – uma história onde os personagens acreditam fielmente em suas visões do juízo final – e, sobretudo, na ideia de trazer um choque social, colocando o destino do mundo nas mãos de um casal homoafetivo. Eric e Andrew estão numa espécie de confronto mental entre o altruísmo e o egoísmo, uma reflexão entre salvar o mundo que renega-o ou apenas pensar em sua família.



Shyamalan sabe como construir narrativas complexas sem afastar o espectador, a forma como ele cria o suspense/terror é admirável. Seus closes constantes são claustrofóbicos e incômodos na medida certa, Shy pela forma que posiciona sua lente nos diz que algo não está certo. Além do mais, o plot-twist está quase sempre presente em sua filmografia mas aqui (diferentemente de muitos filmes do gênero) é muito mais uma forma de acrescentar uma reflexão acerca da trama, do que um artifício apenas para gerar choque. Não é uma simples reviravolta, pensada apenas em gerar expectativa, mas um olhar meticuloso projetando toda uma estrutura narrativa. No fim, M.Night Shyamalan faz uma homenagem para si, lembrando de grandes clássicos de sua filmografia como “Fim dos tempos”. Uma homenagem ao seu cinema fabuloso, fantástico, que foge do convencional e que abraça o que o cinema tem de melhor.



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