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Crítica | A ultima loucura de Claire

Foto do escritor: Caique HenryCaique Henry

Atualizado: 14 de fev. de 2024


De acordo com Sartre, o homem (ser humano) está condenado a ser livre. Livre para poder tomar toda e qualquer decisão, e condenado as angústias das consequências dessas decisões. E assim vive Claire, angustiada com as decisões do seu passado, ela atormentada pelo tempo se vê à beira de um colapso psicológico — que através das lentes oníricas da Julie, Claire confunde passado e presente.

Falar que o tempo flui, não faz sentido porque o tempo não é uma coisa. Afinal, o que "flui" são coisas reais. Entretanto, estamos falando de cinema, arte que possibilita transformar o irreal em “verdade”. Sendo assim, Julie Bertuccelli traz fluidez ao seu tempo e espaço — utilizando muita das vezes de planos-sequência, pois não existe maneira melhor de transmitir fluidez se não por uma passagem de tempo imperceptível.

Vale ressaltar que a fenomenologia contemporânea relaciona o tempo a uma atividade da consciência, seja como fundamento de liberdade, ou seja para representar as angústias do ser humano em "ser-para-a-morte".

Para o filósofo alemão Martin Heidegger o humano é “um ser-para-a-morte”, ou seja, a morte é a única certeza para a vida. E como exclusividade da espécie humana, nós temos consciência da finitude, dessa forma, o humano tende a se afastar dela pois lhe causa angústia. Mas, ironicamente, Claire aceita o seu fim.

Ela por uma visão Heideggeriana atingiu a plenitude, aceitando a sua finitude. E tudo isso por feito por um olhar intimista de Bertuccelli, que aproxima sua câmera dos personagens — nunca estática, sempre seguindo as ondas fluidas do seu tempo. mas é interessante observar que mesmo tão próxima dos personagens as lentes de Julie nunca são invasivas ou sufocantes, pelo contrário, são repletas de liberdade.


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